domingo, 2 de fevereiro de 2014

Madame Bovary

(Pinterest)
"Charles ficou surpreso com a brancura das unhas dela. Estavam brilhantes, finas nas pontas, mais limpas que os marfins de Dieppe, e cortadas em forma de amêndoas. Sua mão, entretanto, não era bonita, não bastante clara, talvez, e um pouco seca nas falanges; era longa também demais, e sem moles inflexões de linhas de linhas nos contornos. O que tinha de bonito eram os olhos; embora fossem castanhos, pareciam negros por causa dos cílios, e seu olhar chegava às pessoas francamente com uma ousadia cândida.

[...]

Seu pescoço saia de uma gola branca, rebatida. Os cabelos, de que dois bandós negros pareciam cada um feito de uma só peça, de tal forma eram lisos, estavam repartidos no meio da cabeça por uma risca fina, que se afundava ligeiramente, conforme a curva do crânio; e, mal deixando ver a ponta da orelha, iam confundir-se, por trás, num birote abundante, com um movimento ondulado em direção às têmporas, que o médico do campo notou ali pela primeira vez na vida. As maçãs do seu rosto eram róseas. Ela usava, como um homem, passado entre dois botões do corpete, um lorgnon de tartaruga."

#F.Collins

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